Muitas vezes encontramos na descrição do rótulo de vinho informação sobre a passagem por barricas de carvalho.

Das 200 espécies de carvalho catalogadas, vinte são apropriadas para a produção de barricas. Dentre essas, as espécies mais comuns são o carvalho francês e o americano, amplamente escolhidos pelos profissionais para a produção de vinhos.

Níveis de tosta e tempo de uso das barricas são variações que influenciam diretamente o sabor e as características do vinho.

Passagem em barricas de carvalho

É importante entender que o amadurecimento do vinho acontece na barrica. Durante esse processo, o vinho absorve características do carvalho, que também possui taninos. O tempo de permanência na barrica também influencia diretamente nesse processo. Os taninos do carvalho são mais sensíveis à oxidação, e se conectam ao oxigênio antes dos taninos do vinho, o que ajuda a preservar a integridade da bebida.

Escolher o tipo de carvalho, o nível de tosta, o tempo de uso da barrica e de permanência do vinho na barrica é de responsabilidade do enólogo.

Qual o melhor carvalho para a maturação do vinho

O carvalho é a melhor madeira para amadurecer o vinho. Essa é a única madeira que possui características que combinam perfeitamente com a bebida. Outras madeiras podem conter substâncias que podem contaminar o vinho.

Como apresenta característica porosa, permite a absorção do vinho, favorecendo o seu desenvolvimento durante o processo de amadurecimento.

O tipo de corte e da cor da madeira permite a identificação do tipo de carvalho utilizado nas barricas. As diferenças de tonalidade e estrutura da madeira afetam na interação do vinho com a madeira e, consequentemente, nas características que ele adquire durante o envelhecimento.

Carvalho francês

O corte do carvalho francês deve respeitar os veios da madeira. Isso resulta em um aproveitamento de cerca de 15% da árvore, tornando o custo das barricas mais elevado. Apesar do alto custo, proporciona ao vinho aromas e sabores mais complexos, que remetem a notas de tostado, tabaco e, em algumas ocasiões, um leve toque de baunilha. Cortando de outra forma, a liberação de substâncias será menor e sua influência sobre o vinho será insuficiente.

É comum usar o carvalho francês na produção de vinhos de média e alta qualidade, especialmente nos vinhos mais encorpados. Suas características e o impacto no sabor são mais perceptíveis nesses tipos de vinho.

Carvalho americano

O carvalho americano apresenta a cor branca, é menos poroso e pode ser serrado sem a necessidade de seguir os veios da madeira. Esse tipo de corte resulta em um aproveitamento da árvore de cerca de 50%. Ao receber uma tosta mais intensa, agrega maior complexidade de aromas e sabores do vinho. As substâncias do carvalho americano deixam uma marca mais pronunciada no sabor, frequentemente evocando notas de baunilha, café e coco queimado.

É o carvalho mais utilizado para vinhos robustos e rústicos, especialmente os produzidos com uvas cultivadas em regiões mais quentes. Sua maior porosidade e os aromas mais intensos são ideais para vinhos que demandam uma influência mais marcante da madeira em seu perfil de sabor.

Outros tipos de carvalho

Além do carvalho francês e americano, alguns países utilizam também o carvalho húngaro e o esloveno.

O carvalho húngaro é semelhante ao francês, gerando vinhos mais sutis, com menos corpo. Ele transmite características picantes ao vinho, como notas de canela e amêndoas, e contribui para taninos mais macios e redondos.

Vinhos de média e alta qualidade frequentemente utilizam o carvalho esloveno, devido às características semelhantes às do carvalho americano. Também se assemelha aos vinhos franceses de qualidade média.

Muitos produtores optam pelo carvalho esloveno combinado com outros tipos de carvalho, obtendo redução de custos de produção e mantendo um resultado superior ao do carvalho americano.

Nível de tosta da barrica

Após definir em qual tipo de barrica o vinho irá amadurecer, o enólogo decide o nível de tosta da barrica, o que também influencia diretamente o resultado do vinho.

A tosta pode ser leve, média ou forte, e cada nível confere ao vinho notas distintas, como café, tostado, baunilha, amêndoas, entre outros.

O enólogo pode optar por mesclar estágios de envelhecimento em diferentes tipos de barricas. Isso permite a criação de uma combinação única de características e complexidade.

É possível ajustar os períodos de permanência do vinho nas barricas, o que permite a criação de uma complexa gama de aromas e sabores.

Vinhos mais simples utilizam barricas acima do terceiro uso, que já perderam parte de suas propriedades, gerando menor impacto no perfil do vinho. Após o amadurecimento nas barricas, o enólogo decide se o vinho passará por envelhecimento adicional em garrafa ou não. Essa decisão depende do estilo e da complexidade que o enólogo deseja alcançar no produto final.